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Bate Papo

Entrevista – Gustavo B.

Entrevista Gustavo B.

Meu nome é Gustavo. Em alguns lugares mais conhecido como Gusta, ou mesmo Gus, ou até “Gu”.

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Gustavo B Locutor 2 | Meu nome é Gustavo. Em alguns lugares mais conhecido como Gusta, ou mesmo Gus, ou até “Gu”.

Como você começou na carreira?

Trabalho com áudio, principalmente para publicidade, há 14 anos. Minha história com locução partiu da música. Me formei em composição na FAAM (bacharelado). E fiz também alguns cursos que complementam essa formação musical. Na Berklee (Orchestration for Film and TV), no IAV, entre alguns outros. E isso me levou, enquanto ainda estava pelo meio da faculdade, a um primeiro estágio em produtora de som. A primeira foi a Lua Nova, uma produtora aqui de São Paulo, e depois vieram outras.

Neste meio, eu fiquei e me desenvolvi. Fui percebendo que o treino do “ouvido musical”, é um ótimo complemento para quem trabalha com voz. A entonação da nossa fala é como música, é melodia. Então, um bom locutor, mesmo que não seja músico, provavelmente tem uma boa percepção musical. E então, dentro das produtoras de áudio, tive a oportunidade de escutar as gravações, escolher takes, editar vários profissionais feras, com diferentes estilos e backgrounds;

 E depois, já com mais experiência, também de dirigir essa turma, gravar locuções guia. Essa prática do dia-a-dia foi me dando casca, e daí nasceram as primeiras oportunidades, inclusive com voz cantada.

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Qual é a habilidade mais importante para um(a) locutor(a)?

Acho que não tem “uma” habilidade mais importante. Mas há uma lista delas!
Se eu precisasse escolher uma, para hoje, seria a capacidade de adaptação às transições do mundo atual.

E isso envolve:
– Reciclar a linguagem da nossa locução. Identificar e eliminar vícios, se necessário;
– Existir no mundo digital. Se você não está na Internet, você não existe. É importante ter site, estar presente nas redes sociais, em sites de agências de locução como esta, a Loc On Demand, e outros também;
– Paradigmas do mundo estão sendo cada vez mais questionados. É importante compreendê-los. Não ser antiquado. Praticar o respeito a tudo e a todos;
– Preparar uma estrutura para gravar remoto. A melhor possível, dentro das possibilidades de cada um. 2020 e 2021 estão mostrando que muita coisa veio pra ficar. Então, essa capacidade de adaptação às mudanças do mundo, com ou sem pandemia, é fundamental.

02 Gustavo B scaled | Meu nome é Gustavo. Em alguns lugares mais conhecido como Gusta, ou mesmo Gus, ou até “Gu”.
04 Gustavo B scaled | Meu nome é Gustavo. Em alguns lugares mais conhecido como Gusta, ou mesmo Gus, ou até “Gu”.

Quais são os maiores desafios que essa profissão apresenta no cotidiano?

Como em qualquer profissão, nosso maior desafio é a gente mesmo. Pensando que somos profissionais autônomos, funcionamos como uma empresa, e o produto é a nossa voz. É necessário uma autoadministração.
– Fazer o seu “RH”: se motivar, ter disciplina;
– Ter um bom produto: investir em cursos, workshops, infraestrutura, equipamentos e software, fonoaudiólogos;
– Comercial: fazer com que o produto chegue nas pessoas de forma harmônica, cobrar no formato certo (independente do valor do seu cachê), ampliar relacionamento;
– Atendimento: o processo com o cliente precisa fluir bem, sem “truncar”;
– Financeiro: boa organização, “planilhar” jobs e orçamentos, projetar fluxo de caixa;
Tudo isso resume aquele ponto central: o maior desafio é se auto-administrar, com excelência.

Tem alguma história engraçada ou briefing diferenciado pra contar pra gente?

Nem bem de locutor e nem bem de produtor. Essa tá mais para uma daquelas histórias de bombeiro! Agência grande, cliente grande, filme de cerveja. Tudo aprovado, prontinho e perfumado para ir para o ar.

Perceberam um problema sério em relação a um termo: não podia falar “Copa de 2014” no filme, por ser uma marca da Fifa. Só que tudo já estava filmado, e era um elenco de artistas famosos. Como consertar?

Solução: dublar o ator naquele trecho, mas trocando o termo por outras palavras. Mas chamar o artista para se dublar geraria outra diária e ele nem tinha agenda. Aí virou incêndio. Gravamos com quem estava na casa: locutor, finalizador, encanador, tia, vó, cachorro, galinha… Procurando chegar no timbre de voz do ator. No final deu certo, com a minha voz até. Embora isso pouco importe! Claro, isso não é job, muito menos repertório. Apenas história de bastidor.

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Qual a importância de agências de locução como a Loc On Demand para o seu trabalho?

As agências de locução são uma ferramenta importante geradora de trabalhos para a gente. É como uma agência de modelos, uma agência de casting de atores. Só que é para nós, que trabalhamos com a voz. O contratante pode chegar direto em você? Pode, se você estiver fazendo uma boa divulgação. Mas uma boa agência de casting (como a Loc On Demand, por exemplo), encurta caminhos. Tanto para você, quanto para quem está contratando.

A agência de casting tem o objetivo de oferecer para o cliente, algo dentro do briefing que ele precisa. Então, quando seu perfil de voz tem a ver com o job, sua voz é oferecida para o cliente. Assim, independentemente de você estar ou não divulgando bem o seu trabalho, por estar na agência, a sua voz chega no seu público-alvo, que é o contratante.

Outro ponto positivo: em geral, a agência não impõe que você faça o job. Ela propõe. Você pode participar de um casting e ter chance de ser aprovado, ou pode até pintar um job direto para você. A agência pode ou pedir para você orçar, ou já chegar com um budget fechado. E você tem a opção de topar ou não.

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Quais são os seus objetivos daqui pra frente? Alguma novidade por vir?

Ser cada vez mais útil.

Continuar tendo prazer com a profissão, que eu adoro. Ter ainda mais prazer, se possível. Me divertir trabalhando. Continuar evoluindo como profissional. Então: estudar, me atualizar, ampliar minha rede de parceiros, muitos que se tornam amigos. Ser um ser humano melhor. Me melhorar. E quem sabe também, numa oportunidade como essa, poder passar para a frente o que for possível do que já aprendi neste caminho. Que inclusive, nem acho que é muito.

Com certeza tenho muito a aprender com cada profissional e experiência. Colocando como objetivo de vida esses tópicos de que me lembrei agora, tenho convicção de que naturalmente vem, tudo aquilo que a gente quer e precisa: volume de trabalho, retorno financeiro, até ser requisitado, sentir que agrego valor às marcas. E a chave é essa: servir. Ser útil.

Qual conselho você daria para quem está começando no ramo?

O que procuro praticar, e é válido para qualquer tipo de início: (1) reconheça-se e (2) reconheça o meio onde você quer entrar. O “reconheça-se”, é porque cada um está em um ponto, um start diferente. Às vezes você é ator e quer gravar locução, às vezes você acabou de fazer um curso de radialista, às vezes você é finalizador, trabalha em produtora. Ou às vezes você quer mudar de profissão, e é de uma outra área, mas é o seu sonho.

Às vezes alguém identificou em você um talento, um potencial na sua voz. E você quer explorar. Se reconhecer é descobrir as próprias virtudes e tomar conhecimento das lacunas. E também é saber, descobrir o que você quer. Ou seja: qual nicho (e pode ser mais de um), das várias possibilidades do mercado da voz, te atrai. Tem vários: locução comercial, vídeos institucionais, audiolivros, e-learning, espera telefônica, localização de games, entre outros.

Aí entra o “reconhecimento do meio”, que é um trabalho de pesquisa: analisar como funciona o mecanismo deste(s) nicho(s) desejado(s). Essa análise dá condições de confrontar o que você já tem e o que você não tem, com o que é necessário ter para chegar no lugar onde você deseja. Feito esse “dever de casa”, naturalmente surgirão boas ideias de por onde começar!

Que características melhor descrevem o seu trabalho como profissional da voz?

Os feedbacks que mais tive são sobre responsabilidade (a “ponta firme”), parceria, versatilidade e entrega rápida.

Facilidade para me gravar e editar me ajuda muito nesse quesito “velocidade”. Ter estúdio em casa, hoje um estúdio profissional. E também estar preparado quando estou fora. Sempre levo comigo um sistema remoto de gravação, microfone específico.

Um fato interessante: no meu início de carreira, houve uma produtora onde gravei e editei muitos audiolivros com narração de outros locutores. Eram centenas de horas de material, então precisei criar alguns macetes para me ajudar na agilidade de edição.

Conforme o tempo passa, a quantidade de clientes parceiros foi aumentando. Tem cliente que vira colega para a vida. Falamos sobre tudo: o mundo, crenças, filosofia, etc., e de forma prazerosa e construtiva, o relacionamento sai do âmbito apenas trabalho.

Sobre ser versátil, acho que um dos pontos é cantar. Tem a ver com a minha formação. Já gravei alguns jingles, muito coro em trilhas…
E voltando para a voz falada (locução clássica, natural, caricata, personagem…), há 2 pontos me ajudam:

(1) Ter gravado e escutado muitos profissionais de ponta. Aprendi muito ao escutar diferentes estilos. E (2) Ter a possibilidade de me testar em laboratório: me gravar e regravar várias vezes. Até no mínimo eu sentir que é o meu melhor possível, e estou satisfeito pra entregar.

Esse é um campo que eu quero explorar mais, estudar. Assim como eu mesmo tenho me descoberto nisso, algumas pessoas já estão começando a descobrir esse meu lado também!

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